Tecnologia a favor da eficiência energética
Por Da Agência Anhanguera
Uma economia cada vez mais verde e circular é essencial para que as empresas, independente do seu porte, consigam fazer a esperada transição para modelos de negócio ambientalmente mais eficientes. A Silcon, empresa de engenharia ambiental com unidades em Mauá, Juquiá, Paulínia e Pirapora do Bom Jesus, todas no Estado de São Paulo, surgiu justamente da preocupação em oferecer soluções que diminuam o impacto da atividade produtiva no meio ambiente.
Segundo o diretor comercial Giancarlo Esposito, a empresa iniciou suas atividades em 1994, na cidade de Paulínia.“Nosso modelo de negócios teve início com a compra de um incinerador, de tecnologia suíça, a fim de realizar o tratamento de resíduos gerados por hospitais e estabelecimentos de serviços de saúde”, diz. Desde então, com os avanços da legislação ambiental no país, Esposito conta que a empresa nunca mais parou de pesquisar e desenvolver tecnologias para o tratamento dos mais diversos tipos de resíduos perigosos industriais e hospitalares.
A mais nova iniciativa da Silcon é a criação de uma solução inovadora que atenderá a Política Nacional de Resíduos Sólidos, transformando resíduos gerados pelas empresas em energia, seguindo os princípios da reutilização e reciclagem. “Trata-se da implantação de uma Unidade de Produção Alternativa de Combustível (Upac) que, através de um processo de dissociação térmica, chamada pirólise, transformará resíduos sólidos em óleo, carvão e gás, sem a geração de rejeitos para disposição em aterros”, explica Esposito. A expectativa é que a tecnologia, instalada na unidade da Silcon de Pirapora do Bom Jesus, comece a funcionar a partir de setembro deste ano.
“Esta iniciativa, totalmente inovadora no Brasil, só foi possível com o apoio da Desenvolve SP que, após uma criteriosa análise do projeto, aprovou nosso pedido de financiamento. Com o recursos obtidos, estamos colocando no mercado uma nova tecnologia que contribuirá para o aprimoramento das boas práticas ambientais no Estado de São Paulo”, diz Esposito. A inovação ainda gera outros benefícios: os insumos gerados na Upac substituirão combustíveis fósseis derivados do petróleo, altamente poluentes para o meio ambiente.
Para Alvaro Sedlacek, presidente da Desenvolve SP, a agência de desenvolvimento paulista que financia o pequenas e médias empresas, soluções como as oferecidas pela Silcon são cada vez mais desejadas no mercado. “A preocupação com o meio ambiente já não é apenas um diferencial, mas uma exigência para os que desejam se manter competitivos. Para atender as legislações ambientais, por exemplo, as empresas precisam se adaptar, seja investindo em soluções próprias ou em soluções oferecidas por terceiros para que possam diminuir o seu impacto produtivo no meio ambiente”, diz.
Investir para ser mais eficiente
Segundo o professor do curso de pós-graduação em planejamento de sistemas energéticos da Unicamp, Sérgio Valdir Bajay, empresas preocupadas com a eficiência energética têm vantagens competitivas em relação aos concorrentes, além de possuírem melhor reputação e respeitabilidade perante o mercado, pois se mostram conscientes dos impactos positivos que estes esforços causam ao meio ambiente.
“Por que a maioria das empresas não investem em eficiência energética? No caso das pequenas e médias empresas, um dos principais motivos é a falta de conhecimento das tecnologias e práticas que permitem certas eficiências”. diz Bajay. Quanto as grandes empresas, ele afirma que o principal desafio dos projetos de eficiência energética é a concorrência com outros investimentos, por exemplo, a expansão da produção ou a compra de uma concorrente. “Nestes casos, a priorização dos investimentos faz com que a eficiência energética fique em segundo plano”, diz.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco), entre 2015 e 2017, o Brasil poderia ter economizado 142.820,69 Gwh de energia, ou seja, o país desperdiçou aproximadamente metade de toda a produção de energia elétrica de Itaipu no mesmo período, o que representa um potencial de economia de R$ 52,17 bilhões. Para Bajay, o país precisa avançar no quesito energia. “Estudos mostram que a participação do governo é muito importante nesse sentido, prova disso, são os planos bem-sucedidos realizados na União Europeia, onde as metas definidas para a redução de energia e emissão de gases são cumpridas. Até a China avançou muito nesta questão nos últimos anos”, finaliza.
Pesquisa aponta falta de planejamento
Um estudo da Schneider Electric, consultoria em gestão de energia e eficiência energética, apresentado no início deste ano, mostrou que as empresas não estão totalmente preparadas para a nova economia energética. De acordo com a pesquisa que avaliou 236 organizações, a maioria se sente pronta para competir num cenário de energia em evolução, mas os planos de ação não corroboram esta percepção.
O principal fator apontado pelos entrevistados seria a falta de um planejamento integrado ao nível da energia e sustentabilidade, assim como da gestão de dados, o que dificulta a implementação de iniciativas. Segundo o levantamento, 81% das organizações fizeram melhorias relacionadas a eficiência energética ou planejam fazê-las nos próximos dois anos e 75% delas trabalham no sentido de reduzir o consumo de água e a produção de resíduos.
Entretanto, apenas 30% implementou ou considera novas oportunidades energéticas, como os microgrids – sistemas de distribuição de energia que contam com uma ou mais fontes de geração e optam pela mais estável – por exemplo, redes que contam com geradores de energia solar, eólica e de combustão de óleo diesel e fazem o fornecimento final para o consumidor optando, sempre que possível, pela energia renovável.
O alinhamento interno parece ser uma barreira ao progresso das empresas, pois, 61% dos entrevistados afirmou que as decisões em torno da energia e sustentabilidade nas respectivas empresas não são bem coordenadas nos departamentos relevantes, especialmente no setor de consumo e no setor industrial. Além disso, o mesmo número de entrevistados indicou que a falta de colaboração é outro desafio.
Link da matéria: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2018/05/campinas_e_rmc/560276-tecnologia-a-favor-da-eficiencia-energetica.html#