SP quer captar R$ 2,7 bi para fomento
Agência Desenvolve SP vai buscar recursos nos exterior e quer priorizar banco do Brics
Por Estevão Taiar — De Brasília
Com o objetivo de ampliar a sua atuação, a Desenvolve SP pretende captar R$ 2,7 bilhões com instituições multilaterais no exterior. A ideia do órgão de fomento do governo paulista é conseguir a maior parte da quantia ainda neste ano, com quatro instituições: New Development Bank (NDB, o banco do Brics), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina e Agência Francesa de Desenvolvimento. Até então, o funding da Desenvolve SP vinha de instituições brasileiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
“Queremos ter um papel proporcional ao tamanho do Estado de São Paulo”, diz o presidente do órgão, Nelson Antônio de Souza.
Ex-presidente da Caixa Econômica Federal e do Banco do Nordeste (BNB), Souza assumiu o cargo na agência paulista no ano passado, no início da administração do governador João Doria (PSDB).
“É um desafio maior do que a Caixa. Estamos começando do zero”, afirma ele, que tem aproximadamente 160 funcionários concursados sob o seu comando.
Formalmente, a Desenvolve SP tem o objetivo de fomentar a atuação de micro, pequenas e médias empresas, com faturamentos anuais brutos que vão de R$ 81 mil a R$ 300 milhões, além de conceder empréstimos para prefeituras. Souza, no entanto, quer que a agência também busque resultados financeiros como se fosse um banco privado, já que o acionista, diz ele, é o cidadão paulista.
“O erro dos bancos públicos é justamente não conciliar esses dois fatores”, afirma Souza.
No ano passado, o órgão teve o maior lucro líquido da sua história: R$ 47,6 milhões, crescimento de 223% em relação a 2018. Para melhorar os seus resultados financeiros, a Desenvolve SP apostou em diminuir a provisão para devedores provisórios (PDD) e combater a inadimplência. No caso da PDD, houve queda de 67% em relação a 2018. As despesas totais, por sua vez, recuaram 32%.
Já o índice de inadimplência passou de 5,33% para 1,61% no mesmo período, depois que o órgão passou a exigir garantias mais seguras. No caso de prefeituras, essas exigências passaram a incluir, por exemplo, recebíveis de ICMS e recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Ao todo, a Desenvolve SP desembolsou R$ 416,4 milhões em 2019, sendo 881 operações com empresas e 79 com prefeituras. Dessa quantia, R$ 119 milhões foram destinados às micro e pequenas empresas. Na análise dos desembolsos totais, 55,8% dos recursos foram para investimentos, seguidos por capital de giro (38,7%) e máquinas e equipamentos (5,5%).
Além disso, o órgão buscou atuar de “maneira transversal” com as secretarias do governo. Houve desembolsos para combater a pobreza no Vale do Ribeira, diminuir a poluição do Rio Pinheiros e fomentar projetos audiovisuais. A fim de avaliar como poderia atuar melhor em casa região do Estado, a agência firmou também uma parceria com outro órgão público, a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Ambas elaboraram um mapa analisando as características socioeconômicas das 16 regiões paulistas.
Atualmente, a Desenvolve SP tem rating de Ba2 da Moody’s. Para 2020, a meta é alcançar um lucro líquido na casa dos R$ 100 milhões. Esse cenário pressupõe um crescimento de aproximadamente 3,5% da economia paulista no ano. Souza destaca que a atividade no Estado de São Paulo cresceu 2,8% em 2019, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). No Brasil, a expansão foi de 0,89% no mesmo período.
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