Exclusivo: Desenvolve SP aumenta volume de financiamentos à geração distribuída
Por Luciana Collet
São Paulo, 02/09/2019 – O crescente interesse de pequenas e médias empresas em buscar a geração solar fotovoltaica para reduzir seu custo com energia elétrica fez os financiamentos da Desenvolve SP dispararem no último ano e meio, com a perspectiva de um segundo semestre ainda mais pujante. Somente de janeiro a junho, a instituição financeira do governo de São Paulo destinou R$ 1,3 milhão para financiar a compra e instalação de placas fotovoltaicas, o que corresponde a um aumento de 20% no montante total já destinado a iniciativas desse tipo e mais que o dobro que o aportado em todo ano de 2017.
No total, a Desenvolve SP já destinou R$ 7,5 milhões para esse tipo projeto, e a expectativa é que o número seja ampliado em um ritmo forte até o fim do ano. Embora a agência não revele uma meta ou projeção de desembolsos, diz esperar que os financiamentos à compra e instalação de painéis solares acompanhem o crescimento do último ano, quando o volume de recursos destinado a sistemas fotovoltaicos se multiplicou por sete frente o ano anterior, alcançando R$ 4,5 milhões.
O crescimento observado acompanha a evolução da instalação de sistemas de geração distribuída fotovoltaica, que já alcança 103,59 mil em todo o País, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somente de janeiro a agosto, foram conectados 45.907 sistemas de geração distribuída de fonte solar, número 30,5% maior que o total de conexões realizadas em todo ano passado. Em potência, esses sistemas adicionados neste ano somaram 521,2 MW, ante os 394,38 MW de 2018. Inicialmente, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABsolar) projetava um crescimento em potência instalada de 628,5 MW em 2019.
O crescimento, segundo a consultora da Bright Strategies, Bárbara Rubim, está relacionado ao aumento expressivo das tarifas de energia elétrica no Brasil. De acordo com a especialista, o aumento em torno de 50% nas tarifas de energia elétrica nos últimos 12 meses, aliada ao barateamento do sistema fotovoltaico no Brasil, tem tornado a geração distribuída cada vez mais atrativa e vantajosa para o consumidor. “Produzir a própria energia em casa ou em um estabelecimento empresarial é atualmente mais barato do que comprar da distribuidora local”, comenta.
O presidente da Desenvolve SP, Nelson de Souza, salienta que o estímulo da agência à instalação de painéis fotovoltaicos está ligado não só ao apoio à inovação e à energia limpa e sustentável, como também à perspectiva de aumento da competitividade das empresas paulistas. “Queremos colaborar para que as micro, pequenas e médias se tornem cada vez mais competitivas, além do benefício ambiental e social”, diz. A Desenvolve SP cita casos de empresas que após instalarem sistemas de geração distribuída viram seu custo com energia reduzir em mais de 90%.
Orçamento para apoiar as PMEs no investimento em sistemas de geração distribuída não é um problema para a Desenvolve SP, garantiu de Souza. “Temos um bom limite de disponibilidade, com recursos suficientes”, afirmou o executivo. Segundo a instituição, não há um orçamento definido para essa finalidade. Os recursos destinados à instalação de painéis fotovoltaicos são provenientes da chamada Linha Economia Verde, que financia projetos que promovam a redução de emissões de gases de efeito estufa, geração de energias renováveis e iniciativas de eficiência energética. A linha financia entre 80% e 100% do valor do projeto, com prazo máximo de 10 anos, carência de 24 meses, e taxa de 0,17%+Selic ao mês.
No total, a linha, que existe desde 2010, já realizou desembolsos que somam R$ 240,7 milhões, dos quais cerca de R$ 80 milhões foram destinados a projetos envolvendo a produção de energia. A Desenvolve SP destaca, porém, que os projetos de placas fotovoltaicas, embora representem atualmente uma parcela pequena do total da linha, já responde pelo maior número de operações dentro do segmento energético, totalizando 50, ante 44 envolvendo outros projetos de eficiência energética e pequenas centrais hidrelétricas.
Conforme mapeamento realizado pela ABsolar em parceria com a Clean Energy Latin America (CELA), as instituições públicas tem se destacado nas linhas de financiamento para projetos de geração distribuída solar fotovoltaica. Além da Desenvolve SP, Banco da Amazônia (BASA), Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco do Nordeste (BNB) estão entre as entidades que tem apoiado investimentos desse tipo. No total, o levantamento contou cerca de 70 linhas financiamento, incluindo também instituições privadas como o Bradesco, BV Financeira, Santander e SICOOB.
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