Design impera no mundo das joias
Moda e tudo que a envolve fazem parte da indústria criativa, principalmente a parte de design, que depende exclusivamente de novas ideias para vender peças num mercado tão competitivo no Brasil e no exterior.
A Firjan (Federação da Indústrias do Rio de Janeiro), fez um mapeamento da indústria criativa no Brasil, que mostra a evolução na última década. O relatório, produzido em 2014, retrata a situação do ano anterior.
Sob a ótica da produção, 251 mil empresas formavam a indústria criativa no Brasil em 2013. Num olhar sobre a última década, houve um crescimento de 69,1% desde 2004, quando eram 148 mil empresas. Com base na massa salarial destas empresas, estima-se que a indústria criativa brasileira gere um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 126 bilhões, ou 2,6% do total produzido no Brasil em 2013, frente a 2,1% em 2004.
Em relação ao mercado formal de trabalho, a Indústria Criativa é composta por 892,5 mil profissionais. Entre 2004 e 2013, houve alta de 90%.
A empresa Gemas Brasileiras é uma das que usam a criatividade para se destacar. Foi fundada pelo joalheiro argentino Hector Albertazzi, em 1983, como uma pequena oficina de joias, que fabricava artesanalmente peças únicas com materiais preciosos. Ao desenhar e produzir essas peças, descobriu sua vocação e sensibilidade para criar. “Tudo começou com a lapidação de esmeraldas e há 15 anos migramos para o mercado de acessórios de luxo”, conta Albertazzi.
O joalheiro, que tem duas lojas em shoppings de luxo e um show room na Rua Oscar Freire, no bairro Jardim Paulista, em São Paulo, explica que a criatividade é necessária em qualquer área, mas fundamental no segmento de acessórios. “A utilização da expertise, das técnicas e a preocupação com os detalhes de acabamento e qualidade das joias fazem com que nosso produto se diferencie.”
O trabalho em alta bijuteria vem como decorrência do trabalho de joalheria, utilizando as técnicas da ourivesaria para produzir peças primorosas com materiais alternativos, como latão, pedras semipreciosas e cristais. As peças ganham forma através de um minucioso trabalho artesanal desenvolvido através de fabricação própria, concebidas com design exclusivo.
A empresa, que tem dois sócios, vende em média 5 mil peças por mês e Albertazzi explica que existem fortes concorrentes nessa área. “Mas é preciso se reinventar, criar sempre novidades.”
Mas nem todos os lojistas conseguem ter peças exclusivas. Eles compram em grande escala de fabricantes que prometem sempre trazer novidades ao mercado.
José Rosembaum, organizador da Mostra São Paulo, feira que em cinco anos já teve oito edições em São Paulo, diz que por ser do ramo industrial de bijuterias, viu a necessidade de criação de um evento como esse. “As empresas que investem em criatividade e design são as que mais se sobressaem e a graça de trabalhar com joias está na criatividade. É uma coiusa que não acaba, pois pode-se lidar com vários materiais diferentes como pedras, metais, madeira.”
Rosembaum explica que é um segmento que cresce muito no Brasil e é reconhecido no exterior. “O que atrapalha é o custo elevado de mão de obra e os impostos. Isso deixa as empresas em um cenário difícil de competir.”
O organizador enfatiza que o que impera nessa área é o design. Segundo ele, quem não tem fica para trás. “Algumas empresas têm desenhistas próprios, outras trabalham com freelancers. Mas é uma mão de obra que ainda falta no Brasil”. A Mostra São Paulo é uma feira compacta de negócios e leva de 50 a 60 expositores, indústrias de todo o Brasil. É aberta somente para o trade.