O que elas pensam
O que três importantes executivas dizem sobre liderança feminina
Por que mulheres em altos cargos ainda minoria?
Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels: Isso vem mudando com o passar dos anos. O que tenho notado no mercado é que existe um movimento invisível de valorização das mulheres em cargos de liderança. Do ponto de vista da competência, já foi provado que não há distinção entre gêneros.
Heloisa Bedicks, superintendente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: As mulheres ainda sofrem diversos tipos de preconceitos. Na hora contratar alguém para ocupar um alto cargo, por exemplo, muitas empresas ainda baseiam sua decisão levando em conta possíveis escolhas que uma mulher possa fazer ao longo de sua vida. Como, por exemplo, se ela voltaria ou não a trabalhar depois de ter filhos – alternativa que os maridos geralmente não têm.
Clara Cardoso, gerente do ACI Brasil da KPMG: É tudo uma questão de tempo. O número de mulheres em cargos de alta gestão vem crescendo ano a ano. Geralmente, o profissional que se torna conselheiro já carrega certa bagagem, o que normalmente inclui ter ocupado cargos executivos. Por se tratar de um processo natural, a tendência é vermos nos próximos anos o crescimento do porcentual de mulheres em altos cargos e entre os membros de conselho de administração.
Existem diferencias na gestão e na forma de liderar das mulheres?
Chieko: Acredito que sim. De modo geral, a forma com que as mulheres interagem no trabalho é diferente. Elas compartilham mais, debatem mais e não têm medo de errar. Com mercados cada vez mais segmentados e mulheres cada vez mais ativas economicamente, a empresa que não busca o equilíbrio da presença feminina em parceria com a masculina em cargos estratégicos e de gestão está fadada ao fracasso.
Heloisa: Erra-se menos. As mulheres tendem a ter uma inteligência coletiva maior, fazendo questão de ouvir a opinião de todos os envolvidos no ambiente de trabalho. Uma pesquisa da London School of Economics and Political Science revelou que, além de questionar mais e participar com maior frequência de reuniões corporativas, as mulheres não têm vergonha de dizer “eu não sei” ou “eu não entendi, explique de novo, por favor,” – uma postura diferente da dos homens em geral.
Clara: Tanto mulheres como homens têm algumas características próprias relacionadas a gênero, e sempre que existe a possibilidade de discussão em conjunto, propiciando a troca de pontos de vista, essas diferenças acabam por se complementar. A importância e a influência do gênero não podem ser ignoradas em quesitos como valores, linguagens, objetivos e lógicas – mais uma vez, a diversidade de formas de encarar uma mesma questão enriquece o debate e possibilita que os assuntos sejam abordados de forma mais plena.
Fonte: http://www.desenvolvesp.com.br/comunicacao/revista-desenvolve-sp/revista-desenvolve-sp-edicao-3/