7 perguntas para Bruno Caetano, diretor do Sebrae SP

25/10/2018

Sabemos que o Brasil é um país com vocação empreendedora e que diariamente novos negócios são abertos em São Paulo. Por isso, fizemos sete perguntas sobre os passos básicos para começar a empreender, a Bruno Caetano, diretor-superintendente do Sebrae-SP com formação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo, mestre e doutorando em Ciência Política pela mesma universidade.

 

1 – Qual o primeiro passo para quem deseja começar a empreender?

O primeiro passo é o planejamento. Sem isso, empreender se torna um salto no escuro. É preciso conhecer em detalhes o mercado em que se pretende investir, saber quais são as oportunidades, ameaças, conhecer bem o público-alvo, saber quem são os fornecedores, calcular custos, qual preço cobrar pelo produto ou serviço e quanto pode ser o lucro. É fundamental estudar todos os detalhes e variáveis do empreendimento e montar um plano de negócio antes. Só assim o empreendedor se cerca de informações determinantes para ele colocar em prática a empresa que idealizou, correndo apenas riscos calculados.

 

2 – Quais são os principais desafios que um novo empreendedor precisa driblar para conquistar espaço no mercado? Existe uma fórmula de sucesso?

Não existe fórmula de sucesso. O que existe é, repito, planejamento, dedicação e qualidade. Outro fator fundamental é chegar ao mercado com algum diferencial, algo que faça sua empresa se destacar entre os concorrentes, para não ser apenas mais do mesmo. Também é importante sempre inovar, aperfeiçoando processos e produtos para manter-se competitivo no mercado.

 

3 – De acordo com dados da pesquisa Demografia das Empresas 2014, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de cada dez empresas abertas no Brasil, seis não sobrevivem aos cinco primeiros anos. Qual seria o diagnóstico para índices tão altos?

Os primeiros anos de vida de uma empresa são os mais críticos, pois ela ainda está buscando se estabelecer no mercado. Uma pesquisa do Sebrae-SP, chamada Causa Mortis, revelou que os principais motivos para o fechamento de empresas são: falta de planejamento, falhas na gestão e problemas no comportamento empreendedor. Em outras palavras, a empresa nasce sem uma preparação para se colocar no mercado, é mal administrada e o seu responsável não toma as atitudes que deveria para o desenvolvimento do negócio.

 

4 – Apesar do alto índice de fechamentos de empresas após os primeiros cinco anos de existência, por que o Brasil ainda é considerado um país com vocação empreendedora?

O brasileiro, por natureza, gosta de colocar a mão na massa, daí a preocupante – e frequente – postura de abrir um negócio sem o devido planejamento. Essa característica faz com que ele alterne ser empreendedor por oportunidade, porque viu a possibilidade de ser bem-sucedido com algo seu, que lhe dê independência para tomar decisões, ou por necessidade, como alternativa à crise econômica e solução para ter uma fonte de renda em um mercado em que faltam empregos. Seja nas fases boas ou nas ruins, o brasileiro tem o ímpeto empreendedor, tanto que a taxa de empreendedorismo em estágio estabelecido do Brasil, ou seja, de empreendimentos com mais de 3,5 anos no mercado, é de 16,9% e o coloca em quarto colocado em um ranking de 65 países, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Isso representa 22,7 milhões de empreendedores. Se considerarmos as empresas em estágio inicial – com até 3,5 anos no mercado – a taxa de empreendedorismo é de 19,6% e o Brasil aparece na décima colocação no mesmo ranking de 65 países. São 26,2 milhões de empreendedores assim.

 

5 –  Como um empreendedor pode se preparar para encarar um mercado com tantos altos e baixos, principalmente em momentos de crise?

Além do planejamento, ele deve se capacitar. Não basta conhecer tecnicamente seu ofício e sua área de atuação, é vital ser um bom gestor. Ser um atleta de alto nível é muito bom para quem quer ser dono de uma academia, mas ser conduzir um estabelecimento desse ramo exige muito mais. Se não for bem administrado, estará muito mais vulnerável às oscilações do mercado e aos efeitos das crises. Sem uma gestão profissional e eficiente, será muito mais difícil ter sucesso; até improvável.

 

6 – Qual a importância da atuação das MPEs no cenário empresarial de São Paulo?

As micro e pequenas empresas (MPEs) são 99% das empresas existentes no Estado de São Paulo, respondem por 48% dos postos de trabalho com carteira assinada, 37% da folha de salários e 27% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Além disso, existem atualmente em São Paulo 1,8 milhão de Microempreendedores Individuais (MEIs), aqueles profissionais que atuam por conta própria formalizados como pessoa jurídica e faturamento anual de até R$ 60 mil. Os pequenos negócios, quaisquer que sejam, são vitais para a economia não só pelo seu tamanho, como mostram os números, mas também pelo impacto que têm na microeconomia. São eles que movimentam o dinheiro nas comunidades, criam empregos e renda localmente e contribuem para avanços sociais dentro do microcosmo em que estão inseridos. Por isso, fortalecer as MPEs é vital para qualquer economia, pois sua atuação tem reflexos em cadeia.

 

7 – Que tipos de ferramentas o Sebrae oferece para novos e antigos empreendedores?

O Sebrae oferece uma vasta gama de cursos presenciais e a distância, programas e consultorias para capacitar o empreendedor ou futuro empreendedor.  Damos todo o apoio para ele se preparar para atuar com segurança, em condições de enfrentar adversidades e aproveitar oportunidades. Temos escritórios espalhados por todo o Estado de São Paulo para assessorar o empresário a exercer sua atividade com qualidade. Qualquer dúvida que ele tiver, pode nos procurar e aproveitar nosso portfólio de soluções, seja nas áreas de finanças, jurídica, marketing, gestão etc. Isso vale para tanto quem vai iniciar o negócio quanto para quem deseja seu desenvolvimento e crescimento. Por ano, o Sebrae-SP realiza mais de 900 mil atendimentos.