Inovação vencendo a concorrência
Quando o assunto é inovação, o que vem na cabeça de muita gente é tecnologia. Mas, inovar é muito mais que isso. Inovação é a exploração com sucesso de novas ideias, que precisam atender as necessidade e expectativas do mercado e que devem ser viáveis do ponto de vista econômico e sustentável. Toda inovação precisa trazer resultados para a empresa.
Uma bom exemplo de inovação veio da Ciao Mao, empresa de calçados fundada em 2007 pela designer Priscila Callegari. Hoje com três lojas próprias em São Paulo e 20 funcionários, Priscila aliou funcionalidade à moda para crescer no competitivo mercado calçadista. “Como designer sempre tive especial interesse por desenho de sapatos e sempre acreditei que, por serem um ‘meio de transporte’, deveriam ser considerados mais do que meros acessórios de moda. Entendo que os sapatos dizem muito sobre uma pessoa.”
Como consumidora, Priscila não se sentia satisfeita com a ditadura dos padrões impostos pela moda a cada estação. Paralelamente, observava a crise crescente no setor calçadista brasileiro. Grandes polos produtores estavam exportando mão de obra, expertise e matéria-prima para a China. “Procurei me aprofundar no assunto. Descobri a complexidade do processo produtivo e de como, apesar de toda tecnologia, a produção de calçado ainda é totalmente vinculada ao humano e ao emprego de muita energia. Daí surgiu a ideia da Ciao Mao. Celebrar a diversidade brasileira ou um adeus à padronização”, explica.
Na Ciao Mao os sapatos podem personalizados, com tecidos variados, pingentes, franjas e tiras. Priscila criou acessórios que podem ser acoplados aos calçados, criando modelos novos a cada aplicação. “No começo, ninguém entendia o meu conceito. Como não tínhamos escala, as empresas ficavam com receio de produzir porque não consideram o produto comercial”, conta a empresária. Hoje a empresa tem 27 funcionários e já vendeu mais de 25 mil pares de sapatos com preços que variam entre R$ 500 e R$ 1000.
Para Priscila, o segmento da moda no Brasil enfrenta dificuldades para competir mundialmente por conta dos custos, tanto de matéria-prima, como de mão-de-obra e tributação. “Esses fatores muitas vezes impossibilitam um bom
negócio de prosperar. No setor calçadista, por exemplo, a maior parte do
couro é exportada. Depois importamos o produto finalizado. Deveríamos ter incentivos para utilizar a matéria-prima aqui e gerar produtos com valor agregado”, afirma.
Mas a inovação é essencial na opinião da empresária, principalmente para agregar valor, causar impacto na vida das pessoas e mudar a forma como elas interagem. “Pode ocorrer na forma de uma facilitação de um serviço ou a
criação de um novo produto.”
As propostas das marcas, grandes ou pequenas, precisam ser consistentes e
autênticas para o crescimento, segundo Priscila. “Defender uma ideia como a sustentabilidade, por exemplo, não pode ser de fachada, o consumidor percebe isso ao longo prazo. O pensamento de design não está ligado apenas ao produto. É importante entender a necessidade do seu cliente e usar o design como ferramenta para saciar esta necessidade e mais que isso, surpreendê-lo.”
A designer-empresária deixa uma dica para o empreendedor. “Se você acredita em uma ideia, estude e coloque a mão na massa. No início o caminho é longo, mas certamente é mais seguro”, diz.