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29/10/2014

Parques tecnológicos oferecem ambiente perfeito para empresas inovadoras aumentarem sua produção e o desenvolvimento de novas tecnologias

Você já imaginou ter ao lado de sua empresa centros de pesquisas, universidades e grandes companhias interessadas em comprar o que você está produzindo? Assim é estar instalado em um parque tecnológico. Fenômeno que tem se proliferado pelo País, os parques foram criados para reunir, em um só local, desenvolvedores, fornecedores e consumidores de tecnologia, formando um ambiente de conhecimento e inovação.

Apesar de estarem na moda no Brasil, os parques tecnológicos não são bem uma novidade. Algumas das maiores empresas mundiais de tecnologia, como Google, Apple, Facebook e Microsoft, entre muitas outras, nasceram no famoso Vale do Silício, nos Estados Unidos, e há experiências muito positivas na Coreia do Sul, em Israel e em vários países da Europa. Por aqui, ainda não temos exemplos tão estrelados, mas algumas boas iniciativas estão tomando corpo e mostram que o futuro é promissor.

Muitos empresários ainda têm dúvidas se devem ou não instalar sua empresa num parque tecnológico. Segundo Marcos Cintra, subsecretário de Ciência e Tecnologia do governo de São Paulo, são muitos os benefícios para quem procura um parque. “Entre outros exemplos, temos a troca de informações e conhecimento entre as empresas residentes, que atuam em vários segmentos; a proximidade com grandes companhias, das quais os pequenos podem se tornar fornecedores ou parceiros, e até oportunidade de crédito com instituições de fomento como a Fapesp e a Desenvolve SP”, diz Cintra.

Os empreendedores interessados em fazer parte de um parque devem procurar diretamente a administração do local para saber as condições para a instalação. No entanto, alguns documentos são fundamentais, como projeto com a descrição do negócio, perfil técnico da equipe envolvida, estudo de viabilidade técnico-econômico, entre outros. Os parques agrupam, principalmente, empresas de base tecnológica voltadas para a área de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e inovação. Entre as áreas mais presentes nos parques estão nanotecnologia, segurança, aviação, biomedicina, fármacos, softwares e hardwares.

Em junho de 2013, existiam 94 parques tecnológicos reconhecidos no Brasil, mas apenas 28 estavam em estágio de operação, segundo dados do Estudo de Projetos de Alta Complexidade Indicadores de Parques Tecnológicos, realizado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. As 939 empresas instaladas geram aproximadamente 30 mil empregos formais. Além disso, aproximadamente 4 mil são mestres ou doutores.

Força regional

O Estado de São Paulo conta com 28 parques, em fases distintas de credenciamento, o maior número de iniciativas do País. Os seis que já se tornaram definitivos estão localizados nas cidades de São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto, Santos, Piracicaba e São Carlos.

Principal referência no Estado, o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PqTec- SJC) conta com área construída de 30 mil m². Criado em 2009, lá funcionam 25 empresas residentes, uma incubadora, uma Faculdade de Tecnologia (Fatec), o Centro de Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (Cecompi) e cinco Centros de Desenvolvimento Tecnológicos (CDTs), voltados para aeronáutica, energia, águas e saneamento ambiental, saúde e TI.

“No parque, o empresário encontra uma série de vantagens. Uma delas é estar cercado de universidades, como a Fatec e em breve a Unifesp e a Unesp, além do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e o Senai. Ele conta também com um centro empresarial estruturado, que hoje recebe 25 empresas, e logo o Centro Empresarial 2 estará aberto com 50 vagas para novas empresas”, afirma Horácio Aragonés Forjaz, diretor-geral do PqTec-SJC.

Especialista no desenvolvimento de equipamentos para esportes de aventura, a Tirante A Adventure Instruments está instalada no parque desde março de 2011. A trajetória de sucesso já levou a empresa a exportar tecnologia para os Estados Unidos. Para Renato Pisani, sócio da Tirante A, estar em parque tecnológico é importante para fortalecer a parceria com empresas que estão no mesmo patamar. “Existe uma relação boa com as empresas residentes, a gente conversa com umas cinco ou seis empresas que estão na mesma situação, para dividir experiência e cooperação”, diz.

Além do eixo Rio-SP

Há também outras ótimas experiências de parques tecnológicos espalhadas pelo País. Entre as principais estão o Porto Digital, em Recife, Pernambuco. A iniciativa surgiu em julho de 2000, de um projeto de desenvolvimento econômico, e conta hoje com mais de 200 instituições entre empresas de TI, economia criativa, serviços especializados e órgãos de fomento. O Porto Digital já criou mais de 6.500 postos de trabalho, atraindo 10 empresas de outras regiões do País e quatro multinacionais, abrigando, ainda, quatro centros de tecnologia.

Saindo um pouco da concepção formal dos parques tecnológicos e partindo para uma questão de convergência geográfica, o bairro de São Pedro, em Belo Horizonte, Minas Gerais, reúne 117 startups, cinco incubadoras e 12 centros de trabalho compartilhado – chamados de pontos coworking. A concentração teve início há 3 anos quando um grupo de empreendedores optou pelo bairro para fugir dos altos preços cobrados por um escritório no bairro vizinho, Savassi, ponto nobre e disputado por empresários.

:: Entenda a diferença entre parque tecnológico, incubadora e aceleradora ::

Parque tecnológico – Espaço ou região onde se reúnem centros de pesquisa, universidade e empresas tecnológicas, incubadoras, com objetivo comum de gerar conhecimento e desenvolver inovação e tecnologia.

Incubadora de empresas – Empreendimento que, por tempo limitado, oferece espaço físico para instalação de empresas e empreendimentos nascentes voltados ao desenvolvimento de produtos e processos intensivos em conhecimento.

Aceleradora – Mecanismo para consolidação de empresas nascentes. São investidores que auxiliam organizações a alcançar resultados mais rápidos, por meio de profissionais que investem na formação de novos empreendedores e startups.

Fonte: Revista Desenvolve SP – 2014 – Pág. 28 e 29