Governo de SP lança crédito de até R$ 20 mil para artistas na crise do coronavírus

Portal O Globo 30/03/2020

Ao todo, linha de microcrédito para pequenos produtores e empreendedores da área cultural e criativa é de R$ 25 milhões, a serem emprestados pelo Banco do Povo

Giuliana de Toledo

São Paulo – O governo do estado de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (30) a liberação de uma linha de microcrédito para ajudar artistas diante da crise provocada pelo coronavírus, que suspendeu atividades do setor. Os empréstimos, de R$ 200 a R$ 20 mil, serão feitos pelo Banco do Povo com taxa de juros de 0,35% ao mês, prazo de pagamento de 36 meses, com carência de 90 dias. Créditos de até R$ 3 mil podem ser pedidos sem avalista.

A nova linha, focada em pequenos produtores e empreendedores do setor cultural e da economia criativa, serve para pessoas jurídicas de micro e pequenos negócios registrados como MEI, ME, LTDA e EIRELI. A liberação depende de análise de crédito e comprovação de endereço.

— Estamos falando de 650 mil pessoas aproximadamente — diz Sérgio Sá Leitão, secretário de cultura e economia criativa, estimando números para o estado de São Paulo. — Ajuda a dar um fôlego maior para esse período de tormenta, em que a receita de boa parte deles se tornou inexistente.

Os interessados podem procurar unidades do Banco do Povo para fazer os pedidos até 30 de abril. Na cidade de São Paulo, há duas unidades, no centro (Rua Boa Vista, 170) e em Paraisópolis (Rua Ernest Renan, 1.366). Em municípios em que não há uma unidade específica do banco, as prefeituras podem intermediar os pedidos, explica Sá Leitão.

Por enquanto, o atendimento só funciona de forma presencial. Até o final da semana, segundo o secretário, será implantada tecnologia para fazer as operações pela internet, sem necessidade de deslocamento.

Outra novidade ao longo da semana, diz Sá Leitão, deve ser a ampliação dessa linha de crédito. A expectativa do secretário é de que ela seja quintuplicada. Além disso, uma linha para empresários de maior porte, lançada no dia 18, deve ser dobrada.

Essa outra, por meio da Desenvolve SP (instituição financeira do governo paulista), já oferece R$ 500 milhões, dos quais R$ 275 milhões são destinados exclusivamente para os setores de cultura e economia criativa, turismo e comércio, vistos pela gestão de João Doria (PSDB) como os mais impactados pela situação. São créditos com 12 meses de carência, 60 meses para pagar, a juros de 1,2% am. Estão disponíveis para empresas paulistas com faturamento anual entre R$ 81 mil e R$ 90 milhões.

Streaming

Outro plano do governo, anunciado para compensar as atividades paradas em museus, bibliotecas e demais equipamentos culturais, está passando por melhorias. Desde que os locais foram fechados, há quase duas semanas, conteúdos dos seus acervos têm sido disponibilizados de graça no site Cultura em Casa. Em duas semanas, de acordo com Sá Leitão, a iniciativa deve virar uma plataforma de streaming com aplicativo próprio.

O programa deve concentrar os arquivos antigos e também produções novas, feitas à medida do possível durante a quarentena, como a série de concertos “Direto da Sala São Paulo”, iniciada no último sábado. Nela, sempre nesse dia, às 16h30, deve ser exibido o concerto de um solista da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo).

Em paralelo, também devem ser feitas parcerias com plataformas já conhecidas do público, como Netflix, Amazon e Looke, para ampliar o acesso aos materiais.

— Queremos que isso seja um programa de difusão cultural não só para este momento, mas uma plataforma em caráter permanente. Vamos passar a fazer licenciamento de conteúdo de terceiros, como palestras, peças de teatro, shows… Vamos licenciar esses conteúdos para exibição gratuita nessa plataforma — conta. — Ao comprar conteúdos de terceiros, vamos também vai injetar recursos na cadeia de valor da cultura.

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