Boa ideia + planejamento + gestão = Sucesso
Organização e gerenciamento ajudam sua empresa a enfrentar as dificuldades e a crescer de forma sustentável
Um dos maiores desafios enfrentados por todo empreendedor é transformar uma boa ideia em um negócio próspero. Para investir em seus sonhos, seja na criação de uma empresa ou na pavimentação do crescimento de uma já existente, não se pode levar em conta apenas a vontade e a afinidade com o que se pretende fazer, é preciso muito planejamento e uma gestão eficiente.
A definição de uma boa estratégia foi o que garantiu à Novo Mel, empresa de produtos apícolas localizada no município de São Paulo, um importante aumento de sua competitividade no setor. Agregar valor à matéria-prima e ampliar as vendas externas foram algumas das peças de sua nova base, reconstruída sobre os alicerces do planejamento e da gestão.
A companhia, que tem quase 19 anos, passou sete deles sem metas, à mercê da demanda e dos caprichos do mercado consumidor. Então, Roberto Rehder, um dos proprietários da Novo Mel, montou um grupo de trabalho interno para fazer uma avaliação do negócio. A conclusão foi que o mel e o extrato de própolis, embora largamente utilizado na indústria, gerava pouco valor agregado.
Com o diagnóstico, a Novo Mel saiu do ostracismo e deixou de pensar no mel só como produto final e passou a aplicá-lo como princípio ativo de outros itens. Para viabilizar essas mudanças, a empresa procurou a Desenvolve SP. Com um financiamento que coube no orçamento, a companhia conseguiu dinamizar o negócio.
O laboratório de biotecnologia ganhou então um lugar especial na sede e se tornou o grande diferencial da empresa. “Agora estamos em posição de colher os frutos depois de tanto trabalho”, diz Rehder. A antiga sede, com 25m² para o administrativo e 150 m² para área produtiva, ficou pequena e as novas instalações terão mais do dobro do tamanho atual.
Os novos produtos já começam a atrair parceiros, como empresas de alimentos e cosméticos. “É um segmento interessante. A gente aproveita toda a capacidade de processamento, distribuição e marketing dessas companhias, e elas têm acesso a uma matéria-prima de alta qualidade. Mas é um processo longo”, diz Rehder.
A empresa produz 80 mil toneladas de mel por ano e fornece para empórios, restaurantes e hotéis do eixo São Paulo-Rio de Janeiro. A análise de mercado indicou ainda novas oportunidades de venda da linha premium no exterior. A Novo Mel já fornece para mais de 60 cidades na China e está ampliando sua inserção nos Estados Unidos e no Canadá. A expectativa é que o volume das vendas externas chegue a 30% neste ano. No longo prazo, a meta é que o montante alcance os 50%.
Dinamismo
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a ausência de planejamento ou o desconhecimento do mercado são os principais fatores para a falência ou estagnação das pequenas e médias empresas no País. “Não planejar custa a sobrevivência de grande parte das companhias”, afirma Samy Dana, professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV).
“A paixão pelo negócio é importante, mas não o suficiente para ele prosperar. É preciso verificar se há demanda, quais os custos, o preço que teria de cobrar do consumidor final e a quantidade de produtos que tem de vender para zerar as despesas e gerar lucro, além de definir se existe capital de giro suficiente para fazer o negócio rodar”, diz.
É preciso, ainda, atentar para o fato de que planejamento não é algo estático. “Se fez um plano para um ano e passou o primeiro mês e nada do que se previa ocorreu, tem de revisar as metas e os objetivos”, diz Dana. Especialistas afirmam que, tão importante quanto gostar do que faz e se planejar, é gerenciar as metas e as tarefas a cumprir. “A auditoria é uma atividade continua. Não adianta só fazer um bom trabalho, tem de gerenciar”, afirma. Da teoria à prática existem inúmeras variáveis.
Assim, algo que ficou redondinho no papel pode sair mais parecido com um quadrado quando posto em prática. “A realidade pode se revelar diferente, por uma atitude do governo ou por uma crise instalada. Aí não adianta você forçar a barra em algo que está fadado ao fracasso. O mundo dos negócios é dinâmico”, diz o professor.
Só que para mudar de estratégia é preciso ter uma. E ela é definida no planejamento, pois com ele o empreendedor está mais bem preparado para superar as dificuldades inerentes a qualquer empreendimento. Por isso, é fundamental ter um plano de negócios em que deve constar análise do mercado no qual se pretende atuar, estudo de viabilidade financeira, desenho das operações e análise dos riscos.
O proprietário da Metax, empresa que há 20 anos produz e aloca materiais de acesso para a construção civil em Campinas, sabe disso. Reginaldo Farias Santos afirma que o acompanhamento contínuo das atividades garante o crescimento do negócio e sua diversificação.
A organização da companhia e suas metas bem estipuladas permitiram à Desenvolve SP apoiar o projeto da empresa. Com os financiamentos, a Metax deu um salto, tanto na qualidade dos produtos, quanto na capacidade de produção. “Comprei matéria-prima, produzi mais equipamentos. A empresa cresceu”, diz Santos. As mudanças foram tão expressivas que a empresa teve de diversificar seus canais de atendimento e abrir quatro lojas “express” para clientes menores, que já não conseguiam ser atendidos pela matriz e as quatro filiais.
Santos também garante estar preparado para atender à demanda, que deve ser impulsionada pelas obras voltadas aos grandes eventos esportivos dos próximos anos: a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. “A expectativa de gerar negócios por conta desses eventos é muito grande”, afirma.
Capital de giro
Uma das principais dificuldades dos empresários na hora de formular seus planos de negócios é conseguir estabelecer quantidades e custos. Dúvidas sobre como administrar o estoque, qual o caixa mínimo necessário para começar a funcionar, quanto o serviço ou produto vai custar para gerar lucro rondam os pensamentos de dez em cada dez empreendedores.
Para estimar quanto de capital de giro é necessário para o começo das atividades, os especialistas consideram que é preciso apurar o estoque inicial e o caixa mínimo necessário. Com base nesses dados, pode-se estimar o quanto a empresa vai faturar por mês e multiplicar a quantidade de produtos a ser oferecida por seu preço de venda. O plano de negócios deve conter as estimativas de faturamento para um período mínimo de 12 meses.
O limite de endividamento, no curto prazo, deve ser de no máximo a soma das contas a receber e dos estoques. Muitas instituições financeiras mantêm como parâmetro dois faturamentos e concedem crédito equivalente a 30% desse montante. Uma vez desenvolvida a metodologia para mensurar os custos do negócio, alterações e novas inserções são mais simples de fazer. A organização do empreendedor também vale muito. Manter em dia registros, cadastros e documentos é algo que dá trabalho no começo, mas depois facilita todo o gerenciamento da empresa. Com tudo em dia, na hora de capitalizar o negócio para expandir, fica muito mais simples solicitar financiamento.