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Desenvolve SP capta US$ 50 milhões e quer mais funding para enfrentar pandemia

Pode parecer pouco, mas a Desenvolve SP precisa bastante de funding, depois de emprestar mais de R$ 1 bilhão durante a pandemia, quase dobrando sua carteira de crédito

A Desenvolve SP, agência de fomento do Estado de São Paulo, acaba de captar US$ 50 milhões com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), em sua primeira captação externa e a primeira de um organismo estadual sem a garantia da União. Pode parecer pouco, mas a Desenvolve SP precisa bastante de funding, depois de emprestar mais de R$ 1 bilhão durante a pandemia, quase dobrando sua carteira de crédito.

Segundo o presidente da Desenvolve SP, Nelson de Souza – que já comandou a Caixa e o Banco do Nordeste – a operação com o CAF é a primeira de uma série que a agência pretende realizar, captando também com outros organismos internacionais, como mostrou o Valor em março. Na época o plano era chegar a R$ 2,7 bilhões captados no exterior este ano, mas agora o objetivo subiu para quase R$ 4 bilhões.

A linha com o CAF será liberada em três parcelas, sendo que a primeira, de US$ 20 milhões, deve entrar no Caixa da Desenvolve SP nesta quarta-feira. A operação contou com a contratação de um hedge cambial. Jaime Holguín, representante do CAF no Brasil, diz que a recuperação econômica pós-coronavírus dependerá também da atuação dos bancos e agências de fomentos regionais, que possibilitarão a canalização de recursos para os setores mais necessitados de forma mais eficiente e ágil. “Queremos ter uma parceria de longo prazo com a Desenvolve SP. Essa primeira operação é para começar, podemos ter outras mais pra frente”, diz.

No âmbito da parceria, serão priorizados projetos que apresentem vertentes alinhadas com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. No setor privado, serão financiados projetos com foco em inovação, aumento da produtividade, eficiência energética e inclusão financeira. No setor público, os municípios serão atendidos em projetos de infraestrutura, com ênfase em melhorias de vias públicas, iluminação e saneamento.

A operação com o CAF é uma das muitas linhas de funding que a Desenvolve SP tem procurado para poder continuar emprestando e fazer frente aos impactos da pandemia na economia paulista. Desde 16 de março a agência liberou mais de R$ 1,1 bilhão em empréstimos, sendo que sua carteira de crédito havia terminado 2019 em R$ 1,268 bilhão. “Utilizamos caixa, todos os repasses, estamos zerando limite do BNDES, Fungetur, Finep. Utilizamos praticamente tudo”, diz Souza.

Como não é um banco, a Desenvolve SP não pode captar poupança nem emitir letras financeiras, então suas principais fontes de funding são os repasses de fundos públicos e os aportes do governo paulista. Souza diz que está em fase final a negociação para um aporte de R$ 200 milhões do governo estadual, que já fez um aporte de R$ 50 milhões no Fundo de Aval do Governo do Estado (FDA), que oferece garantias paras empréstimos de micro e pequenas empresas e é operado pela Desenvolve SP.

Além disso, a agência está discutindo com o BNDES para aumentar seu limite para operar as linhas do banco, que era de R$ 167 milhões e já foi dobrado para R$ 334 milhões. “Tenho conversado muito com o Gustavo Montezano [presidente do BNDES], criamos um grupo de trabalho que analisa essa questão do limite de maneira técnica. Pedimos um limite de R$ 1,5 bilhão. Está em fase final de definição, mas esperamos pelo menos R$ 1 bilhão”.

Além de pisar fortemente no acelerador da concessão de crédito, a Desenvolve SP também promoveu uma pausa nos pagamentos dos clientes, primeiro por uma prazo de três meses, que depois foi elevado para seis e deve subir para nove meses, segundo o presidente. Souza conseguiu reduzir a inadimplência na agência de 5,33% em 2018 para 1,61% em 2019, mas admite que pode haver um aumento nos próximos trimestres, assim como nas provisões para devedores duvidosos.

Após um lucro recorde de R$ 47,5 milhões em 2019, em março Souza havia dito ao Valor que o resultado em 2020 poderia ficar perto de R$ 100 milhões. Entretanto, isso foi antes da pandemia. “Estamos fazendo mais provisões sim, temos que ser realistas, assim como os outros bancos. Ninguém vai chegar neste ano no lucro previsto antes pandemia”, diz.

Link da notícia: https://valor.globo.com/financas/noticia/2020/08/11/desenvolve-sp-capta-us-50-milhoes-e-quer-mais-funding-para-enfrentar-pandemia.ghtml

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