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Dos laboratórios para o mundo

Como uma startup está impactando o mercado da produção de etanol no interior paulista

Anderson Sousa

Eloisa Kronka já tinha 23 anos de pesquisa no currículo quando resolveu montar a própria empresa. Transitando pelo mundo das usinas de etanol do interior de São Paulo, percebeu que havia algumas oportunidades que poderiam ser aproveitadas. Com esse olhar empreendedor, a doutora em ciências decidiu em 2010 dar início a uma startup de biotecnologia. Hoje, a Al Sukkar planeja crescer 300% este ano e se tornar referência em seu setor.

No começo, para ganhar experiência e testar a qualidade de seus produtos, Eloisa inscreveu sua empresa em diversos concursos de startups, como o “Desafio Brasil”, em 2010, da Fundação Getúlio Vargas, no qual conquistou 1.º lugar no Estado de São Paulo e o 5.º na fase nacional. Como reconhecimento, passou a receber uma mentoria para gestão e planejamento de negócios, fundamental para o crescimento sustentável que a empresa mantém atualmente.

Esse ponto foi um dos que mais ensinaram Eloisa na elaboração dos seus projetos. “No começo a gente tinha bastante conteúdo, mas precisava de uma orientação para elaborar um bom plano de negócios e tirar os projetos do papel”, lembra. Além disso, a Al Sukkar conta até hoje com o apoio do o Supera Parque Tecnológico, de Ribeirão Preto, instituição incubadora participante do processo de desenvolvimento da startup.

A Al Sukkar atua com serviços de pesquisa e desenvolvimento no controle e monitoramento de processos fermentativos industriais. Pode soar um pouco complicado, mas Eloisa explica: “Para as usinas (de etanol) qualificarem seus produtos é preciso realizar testes constantes para avaliar o grau de contaminação durante o processo, é aí que a gente entra”, diz.

Diferentemente de seus concorrentes, a Al Sukkar desenvolve antibióticos naturais que atuam no diagnóstico e controle das bactérias que contaminam o processo de produção do etanol. Com esse sistema inovador, a startup paulista está transformando as relações de produção em uma área bastante tradicional, gerando redução de despesas e maximização de lucros para seus clientes. Um de seus primeiros clientes obteve economia de cerca de R$ 2 milhões em apenas um ano com o sistema. Hoje, esse é seu cartão de visitas para novos interessados.

Para a doutora, a maior dificuldade é justamente a restrição dos empresários do setor às novidades. “Não adiantava apresentar os números e projeções de economia, eles preferiam ficar com os modelos antigos, que já conheciam. Agora as portas estão começando a se abrir, e a Al Sukkar está começando a ficar conhecida”, comemora Eloisa.

Com o objetivo de conquistar cada vez mais esse mercado, a empreendedora aposta agora em outro produto além das análises, o Sukkarbio. Focado no setor sucroenergético, é uma ferramenta inovadora para transportar amostras em frascos hermeticamente fechados e impedir sua deterioração, um dos principais problemas para os laboratórios, e assim realizar o processo analítico microbiológico e fazer diagnósticos de fermentação com maior precisão.

Com planos de crescer, a empresa começou a procurar opções para investir no desenvolvimento. Foi em uma das cinco linhas de financiamento dedicadas à inovação que a Desenvolve SP oferece que a Al Sukkar encontrou apoio. A empresa foi atendida em uma das edições do “Movimento pela Inovação”, ação da agência para promover iniciativas inovadoras em todo o Estado de São Paulo, e lá recebeu orientações de como tirar o projeto do papel.

Por ser de pequeno porte, com poucos funcionários – atualmente a equipe é composta por sete integrantes, entre mestre e doutores –, a Al Sukkar está aos poucos começando a ter autonomia para produzir internamente o que antes só conseguia importando. Para isso ela conta com a parceria e o apoio de outros profissionais com expertise técnica para desenvolvimento de equipamentos específicos, o que gera um movimento positivo na economia local.

Sempre em busca de inovação, a Al Sukkar segue firme no caminho ascendente que tem percorrido. Apesar de lidar com um mercado sazonal, em que o período de maior atividade se concentra entre os meses de maio e dezembro, o otimismo de aumentar o faturamento é grande. Consciente da necessidade de planejamento, a expectativa dos sócios para 2017 é um crescimento três vezes maior do que o último ano. Para isso já estudam as oportunidades de inserção em novos setores, entre eles as áreas da medicina e veterinária. “Queremos transformar conhecimento em produto. Não basta ter uma ideia, tem de colocá-la no mercado”, diz Eloisa.

Fonte: Revista Desenvolve SP – edição 5, p.35

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